DEMISSÕES EM
MONTADORAS DEVEM REFLETIR NO VAREJO DE AUTOMÓVEIS
Recuo na produção de carros e excesso
de unidades nos pátios das concessionárias implicarão também em mudanças na
cota de veículos destinada às lojas e nas contratações
O fraco desempenho do setor
automobilístico brasileiro em 2014 já repercutiu em reflexos negativos no
início desse novo ano, com demissões em montadoras. E as consequências dessas
baixas não devem demorar a atingir, também, os postos de trabalho das
concessionárias de veículos. De acordo com o assessor econômico da
FecomercioSP, Fábio Pina, a partir dos cortes nas montadoras, as lojas de
carros provavelmente terão que revisar seus planejamentos. "Com o
desemprego nas montadoras, as concessionárias vão rever as políticas, a área de
vendas e o número de vendedores", avalia.
Pina explica que esse movimento nas
fábricas resultará em um ajuste nos negócios do varejo de automóveis,
considerando a prática no mercado do setor, na qual as concessionárias têm uma
cota mínima de compras. Com o freio na produção de carros e o excesso de
unidades nos pátios das concessionárias, essa cota deve, então, ser
recalculada. "É preciso ajustar o estoque nas montadoras para, depois,
acertar nas concessionárias. Assim, a compra mínima necessária
diminuiria", cita.
Em novembro de 2014, o estoque de
veículos nas fábricas reduziu, em relação a setembro, passando de 131,6 mil
para 119,5 mil. No entanto, nas concessionárias, o número aumentou de 281,8 mil
para 294,8 mil. Os dados são da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores (Anfavea), que mostra, também, uma queda de 7,9% nos postos de
trabalho no setor em novembro do ano passado, no comparativo com o mesmo
período de 2013, contabilizando 146,2 mil funcionários. O movimento é de cerca
de mil demissões por mês nas montadoras.
A pressão no setor não se restringe à
produção, já que o varejo de automóveis apresentou desempenho fraco em 2014. De
acordo com a FecomercioSP, as vendas nas concessionárias de veículos devem
apresentar o segundo pior desempenho setorial do comércio varejista paulista,
com queda estimada de 16,4% na receita de todo o ano passado. As contas da
Federação apontavam, ainda, para um recuo de 14,4% nas vendas de veículos em
dezembro.
Os números ruins de 2014, no entanto,
devem demorar pra ficar pra trás, na avaliação de Pina. "Não acredito que
existam condições, nesse momento, de recuperar o fôlego. Tem o aspecto positivo
de a base comparativa ter ficado muito baixa, então não deve piorar muito. Mas
a recuperação não tem como ser feita no curto prazo".
De acordo com o economista, a perspectiva
de menos crédito em 2015, a queda na produção de veículos e o consequente
desemprego dificultam a retomada de um cenário positivo. "O fator
principal é que vamos ter um ano mais restritivo em 2015, com aumento dos
juros, redução do crédito, aumento do desemprego e redução dos alívios fiscais.
Será um ano difícil", estima.
Fonte: http://www.fecomercio.com.br/
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