MULTAS
X TERRORISMO TRIBUTÁRIO
Em meio a tantas mudanças pelas quais a Contabilidade tem
passado nos últimos anos, os profissionais da área têm redobrado seus esforços
para se adaptarem às novas exigências do setor. O professor Lourivaldo Lopes da
Silva, contador e mestre em Contabilidade pela Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo – PUC-SP, especialista em Direito Tributário, percebe que, a cada
dia os contabilistas têm procurado se atualizarem para que possam exercer um
papel mais gerencial dentro das empresas.
De acordo com o professor, o gargalo da profissão é o excesso
de obrigações acessórias geradas pelo Sistema Público de Escrituração Digital -
Sped e as altíssimas multas aplicadas por atraso ou por retificação de
informações. “Isso é um terrorismo tributário. Conheço profissionais que
tiveram de vender bens pessoais, como imóveis para pagar as multas do sistema.
A modernização para os meios eletrônicos é necessária, mas a impressão que
passa é que o sistema foi desenvolvido para criar autuações, e não para
resolver os problemas”, disse.
Essa realidade tem tornado a prestação de serviço mais cara e
dificultado o fechamento de contratos com os escritórios de Contabilidade.
Alguns deles optam por não aceitar mais trabalhar com as obrigações acessórias,
atuando apenas com a Contabilidade empresarial.
Para atender às novas exigências, os contabilistas precisam
ter uma visão mais ampla de mercado, a fim de oferecer uma opinião consistente
aos seus clientes. “A postura dos contadores mudou. Não somos apenas
‘darfistas’. Passamos a conhecer mais as normas tributárias e nosso balanço
ficou mais claro, a partir da implantação das International Financial Reporting
Standards – IFRS (Normas Internacionais de Contabilidade), em 2008. Hoje não
fazemos apenas a Contabilidade para o Fisco, mas principalmente para as
empresas”, afirmou o profissional, que tem 30 anos de experiência no mercado de
trabalho.
Mineiro, filho de agricultores, Lourivaldo tem uma trajetória
profissional de superação. Aos 17 anos, ainda cursava a 5ª série do ensino
fundamental. O contador contou que não gostava de estudar, mas sim de ir para a
escola. Na cidade onde morou por alguns anos, no interior da Bahia, não havia
escolas que ofertassem o ensino fundamental completo, o que o obrigou a parar
os estudos na quarta série. Somente ao mudar para São Paulo pôde retomá-los e,
desde então, não parou mais.
Lourivaldo já lecionou na Universidade Cidade de São Paulo –
Unicid, na Faculdade São Judas (onde se graduou em Contabilidade) e na Trevisan
Escola de Negócios, na área de pós-graduação. Segundo ele, as faculdades de
Ciências Contábeis ainda não preparam totalmente os alunos para a realidade do
mercado de trabalho, mas têm evoluído em sua grade curricular. O profissional
defende a necessidade de reforçar o ensino para que os estudantes tenham a real
dimensão do que encontrarão ao sair das salas de aula.
Mesmo sendo um profissional de renome, o contador revelou ter
sofrido preconceito racial por parte de alguns clientes. “Isso ainda acontece
no Brasil, infelizmente”.
Lei Anticorrupção
Lei Anticorrupção
A polêmica obrigação de denunciar o cliente aos órgãos
competentes em caso de suspeita de corrupção preocupa Lourivaldo, que acredita
estar ferindo princípios morais ao denunciar seus clientes. “Isso afeta a
relação cliente/contador, que exige confiança, uma vez que conhecemos
profundamente seus negócios. Acredito que o nosso papel seja aconselhar o
cliente a seguir pelos caminhos corretos. Eu prefiro arcar com as consequências
a denunciar um parceiro de 30 anos”, afirmou Lourivaldo.
Ele defende que o Conselho Federal de Contabilidade – CFC reveja esse conceito, que tornaria o contador o “responsável” pela detecção de fraudes nas empresas, o que gera uma punição alta para quem não denunciar o cliente.
Ele defende que o Conselho Federal de Contabilidade – CFC reveja esse conceito, que tornaria o contador o “responsável” pela detecção de fraudes nas empresas, o que gera uma punição alta para quem não denunciar o cliente.
Fonte: http://www.jornalcontabil.com.br/
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