PREVIDÊNCIA EM CONTRATAÇÃO DE MEI
ESTIMULA INFORMALIDADE
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A desaceleração da arrecadação
de impostos, o que afeta as contas públicas, e a adaptação ao chamado eSocial,
do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), trouxeram um alerta aos
contratantes de Microempreendedores Individuais (MEI) sobre a obrigação de
recolher 20% em tributos previdenciários, desconhecida pela maioria dos
empresários, por dificuldade de interpretação da lei 8212 de 1991 (artigo 22).
Segundo especialistas, o
problema é que esse custo foi reafirmado neste ano por meio da publicação de
Instrução Normativa da Receita Federal número 1.453, de 24 de fevereiro, no
item XXXV, o que poderá levar às empresas a pararem de contratar MEIs e gerando
um aumento da informalidade no País.
"Essa situação vai gerar
informalidade. Isso é líquido e certo. Como agora as empresas terão um custo
adicional de 20%, sendo que contratar Simples, ou uma companhia do Lucro
Presumido [outros regimes de tributário] não tem esse encargo. Isso pode levar
que a pessoa prefira ficar na ilegalidade para poder ser contratada",
explicou o administrador de empresas e sócio e presidente do Conselho da NTW
Franchising, Roberto Dias Duarte.
Além disso, Duarte comenta que
a instrução normativa determina que a cobrança seja retroativa, desde 2012.
"Imagina se uma empresa contrata um fotógrafo por R$ 1 mil ao mês desde
2012. Com a norma da Receita, a empresa terá que recolher esse R$ 200 ao mês
desde então. É um custo que não era esperado", exemplifica o especialista.
Tânia Gurgel, advogada
tributarista, previdenciária, contadora e sócia da TAF Consultoria Empresarial,
concorda com Duarte. "Ainda mais neste momento em que a situação econômica
não está boa. Ninguém quer um custo adicional", disse.
Segundo ela, a orientação que
já existia na lei 8.212 passou a ganhar destaque neste ano por conta da
necessidade de adaptação ao eSocial - sistema que deverá unir todas as
declarações trabalhistas para os órgãos públicos. "Costumo dizer que o
eSocial não trata apenas das informações da folha de pagamento, como das
relações entre contratante e contratado e isso inclui contratos com MEI",
aponta.
A solução para a advogada é
que, na lei que mudará as regras do Simples Nacional - ainda a ser aprovada
pela presidente Dilma Rousseff -, essa obrigação seja revogada. Mas para
Duarte, bastaria uma nova orientação da Receita Federal.
Por outro lado, tramita no
Congresso Nacional um Projeto de Decreto Legislativo 1.473 de 2014, do deputado
Antonio Carlos de Mendes Thame (PSDB-SP), que tem como foco revogar a instrução
normativa. Contudo, os especialistas comentam que essa norma retira a obrigação
para o futuro, mas a cobrança retroativa permanece. "De qualquer forma, a
mudança disso está nas mãos dos políticos", entende Tânia.
Novas empresas
Ao mesmo tempo, o governo tenta
incentivar os pequenos negócios com ações que causam discordância entre os
especialistas sobre sua eficácia. "A questão de ajudar os MEIs a pagarem
seus impostos ainda merece atenção. No ano passado, 55% dos inscritos do MEI
estavam inadimplentes. E nada foi feito de concreto para mudar isso",
disse Duarte.
Contudo, João Alberto da Silva
Neto, sócio responsável pelos escritórios da KPMG nas regiões Norte e Nordeste,
prevê que o anúncio recente do Ministério da Fazenda de uma série de políticas
de incentivos com o objetivo de facilitar o acesso das pequenas e médias
empresas à Bolsa de Valores de São Paulo pode favorecer o aumento do
empreendedorismo em todo o País, principalmente nesses locais.
"Naturalmente, o acesso à
Bolsa é muito mais fácil para as empresas do Sul e Sudeste. Com esses novos
incentivos, as pequenas empresas do Norte e Nordeste terão mais um caminho para
ter capital e investimentos", disse.
Dados divulgados ontem pela
Serasa Experian mostram, de fato, que a Região Sudeste registrou o maior
aumento no nascimento de empresas durante o primeiro semestre de 2014 (alta de
7%, para 481.354), seguida do Nordeste (com aumento de 2,6%, para 167.935),
Centro-Oeste (com 2,2%, para 90.431) e Sul (com 1,5%, para 154.684). A região
Norte, contudo, acusou um decréscimo de 1,6%, para 50.275 de novas empresas.
De modo geral, o Indicador
Serasa Experian de Nascimento de Empresas da Serasa Experian registrou a
criação de 944.678 novas empresas no Brasil no acumulado de janeiro a junho
deste ano, recorde para o período. Deste total nos primeiro seis meses de 2014,
72,3% foram de MEIs.
Fonte: DCI - Via: http://www.sescon.org.br/
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