NO BRASIL QUEM GANHA MENOS PAGA MAIS IMPOSTOS

Os mais pobres são os que mais pagam impostos no Brasil, é o que comprova estudo divulgado pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação).

Pelo levantamento, feito com base em dados do Censo 2010 e da pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), quase 80% (mais precisamente 79%) da população brasileira, que recebe até três salários mínimos (R$ 2.172), contribui com a maior parte, 53%, de toda a arrecadação tributária do País.

O cálculo do IBPT mostra ainda que, do total de 202 milhões de habitantes, 7,6%, que ganham mensalmente entre cinco e dez salários mínimos (de R$ 3.620 a R$ 7.240), respondem por 16% do total arrecadado.

Por sua vez, 20 milhões de pessoas (10,14%), que têm rendimento entre três a cinco mínimos (R$ 2.173 a R$ 3.620), são responsáveis por 12,5% do total de tributos recolhidos aos cofres públicos. E que têm mais recursos, com salários de dez a 20 mínimos (R$ 7.241 a R$ 14.480), 4,8 milhões de pessoas (2,4%) contribuem com 9,6%.

Os números refletem a estrutura tributária do País, cuja arrecadação é concentrada no consumo e não na renda ou no patrimônio, ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos e na Europa, assinala o presidente executivo do IBPT. Esse modelo, segundo ele, faz com que haja sistema regressivo, no qual quem ganha menos, proporcionalmente contribui mais.

O estudo mostra ainda que boa parte (42,43%) dos gastos da população, e também do recolhimento de impostos, está no grupo de produtos e serviços para habitação, seguida por vestuário (23,8%) e alimentação (14,37%).

Entre os principais impostos do País estão o ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), ISS (Imposto Sobre Serviços), IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), PIS e Cofins, todos eles que impactam no bolso do consumidor.

O presidente avalia que será difícil corrigir essa distorção, já que, como grande parte da população está entre os que recebem menos de três salários mínimos, se o governo mudasse isso poderia perder arrecadação. Ele complementa dizendo que a administração pública está mais preocupada em arrecadar do que fazer justiça tributária.

IMPOSTO DE RENDA

O sistema regressivo, no qual quem ganha menos contribui mais, também está presente no IR (Imposto de Renda). Pelas regras do tributo, quem recebe acima de R$ 4.100 tem apenas mais uma alíquota, de 27,5% – a mesma para quem ganha R$ 5.000 ou R$ 50 mil. Então, quanto maior o salário, menor o impacto. Em países europeus, como a Inglaterra, o percentual vai até 50%, o que evita que integrantes da classe média paguem mais impostos do que os mais abonados.

BRASILEIRO PARAGÁ R$ 9.100,00 EM TRIBUTOS

Cada brasileiro deverá gastar, em média, R$ 9.100 só com o pagamento de tributos em 2014. Até ontem, os consumidores já tinham desembolsado R$ 4.900 no ano. Os dados são do Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo, que atingiu na terça-feira o pagamento de R$ 1 trilhão em impostos. Foi o sétimo ano consecutivo que se alcançou essa marca.

Esse painel marca o valor total arrecadado em impostos, taxas e contribuições que vão para a União, os Estados e municípios.

Segundo o estudo, por dia são recolhidos aos cofres públicos cerca de R$ 4,46 bilhões; e, por segundo, R$ 51,6 mil. A arrecadação total, em 2014, deverá ser próxima de R$ 1,85 trilhão. Ainda de acordo com a pesquisa, cada brasileiro, em média, trabalhou até 31 de maio só para pagar impostos, ou seja, 151 dias.

O levantamento foi feito pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação), que fornece os dados para abastecer o painel.

IMPOSTOS

Individualmente, a maior arrecadação é proveniente do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), que representa 20,37% do total, seguido da contribuição previdenciária para o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), com 17,33%, do Imposto de Renda (16,08%) e da Cofins (9,97%).

O presidente da ACSP afirma que o Brasil não suporta mais carregar esse peso tributário. “Precisamos exigir impostos mais justos e melhor aplicados. Essa deve ser uma das grandes causas da nossa entidade”, afirma.


Fonte: Diário do Grande ABC – 21/08/2014 – Com adaptações. - Via: http://www.ibee.com.br/

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