AS ESPERANÇAS DO FMI COM O BRASIL
 
Quando o FMI concluiu o relatório com suas perspectivas para a economia do Brasil, o americano Donald Trump não tinha sido eleito ainda. Um complemento teve que ser incluído na análise já que a vitória do empresário provocou abalo financeiro no mundo todo, especialmente nos países emergentes como nós. O timing do documento não se invalida com a eleição de Trump mas enfraquece as esperanças de que a economia brasileira saia da recessão com menor dificuldade e com maior velocidade.
 
As certezas e as dúvidas do FMI são compartilhadas pelos economistas brasileiros. “O Brasil está pronto para sair da recessão profunda”, disse o relatório do Fundo.
 
Com isso todos concordam e as previsões mais recentes para o PIB confirmam que já saímos do fundo do poço - vide relatório Focus feito pelo Banco Central que ainda traz estimativas positivas para o crescimento do ano que vem, de 1,13%. “A recuperação da economia brasileira será gradual e a atividade deverá permanecer fraca por um período prolongado”, completa a análise. Esta é uma constatação mais difícil de encarar, mas que tem quebrado a resistência de quem acreditava numa retomada mais forte em 2017.
 
Na parte das recomendações para a condução da economia, os analistas do FMI incidam que é melhor os juros ficarem altos por mais tempo até que o ajuste fiscal caminhe com maior segurança e que as expectativas para inflação futura estejam mais estáveis em torno da meta de 4,5%.
 
Parece que esta será a escolha do BC que, desde que começou o processo de redução dos juros em outubro, tem se preocupado mais com as ressalvas sobre sua estratégia para baixar a inflação.
 
Para que os juros caiam os diretores do Copom condicionam exatamente o avanço das medidas de controle dos gastos públicos e a convergência das previsões do mercado para o IPCA.
 
Outro ponto levantado no documento do Fundo Monetário diz respeito às reservas internacionais. Elas podem ajudar o país a atravessar a turbulência Trump, desde que o BC não se aventure novamente em operações no mercado futuro de dólar com os já famosos swaps cambiais.
 
Para controlar artificialmente a moeda americana a partir de 2013, o ex-presidente do BC, Alexandre Tombini, usou e abusou deste instrumento e deixou o cargo com mais de US$ 100 bilhões “vendidos” na praça, gerando uma grave distorção no mercado.
 
Ilan Goldfajn, desde que assumiu o posto, tem desmontado o castelo de cartas criado pelo antecessor para devolver algum ambiente de “normalidade” à formação de preços do câmbio.
 
No adendo que fez para incluir os estragos esperados pela gestão de Donald Trump, o FMI praticamente respirou aliviado do Brasil ter um baú cheio de dólares das reservas internacionais. A quantidade de recursos nesta conta, que beira US$ 375 bilhões, vem sendo alvo de críticas e muita gente acha que o Brasil deveria usar parte disto para aliviar o rombo nas contas públicas. Não é simples assim, mas o debate estava na pauta. Pois agora, com todo tsunami que se avizinha com a reviravolta da política nos Estados Unidos, o baú acabou virando uma tábua de colaboração na travessia das ondas gigantes.
 
Como geralmente acontece, os relatórios do FMI não causam impacto a ninguém, mas tem poder para ficar no topo das análises sobre os países e ajudar a formar as decisões dos investidores estrangeiros.
 
A visão revelada nesta terça-feira (15) tem um tom mais realista apesar da consideração em dizer que estamos prontos para sair da recessão. O que o FMI não sabe, nem nós, é quanto tempo deveremos ficar sentados no mesmo lugar sem voltar a crescer. Mesmo que o Brasil faça sua lição de casa, como as reformas dos gastos públicos e a da previdência, tudo indica que o castigo pode e vai durar mais do que gostaríamos
 
por Thais Herédia.
 
Fonte: http://g1.globo.com/

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