MAIS IMPOSTOS E PRIVATIZAÇÕES NO GOVERNO TEMER

Para analistas, crise não será resolvida em curto prazo, e Temer tomará medidas impopulares

O quadro é grave, o remédio, amargo, e não há nenhum tratamento milagroso que resolva a doença no curto prazo. Esse é o quadro econômico que o governo Michel Temer vai enfrentar. "Temos um virtual consenso, não tem debate sobre o diagnóstico econômico. O que precisa ser feito é resolver as crises fiscal e de confiança e atacar a dívida pública, o que o governo Dilma foi incapaz de fazer", diz Reginaldo Nogueira, pós-doutor em economia e coordenador dos cursos do Ibmec, resumindo a opinião dos especialistas ouvidos por O TEMPO.

A dívida pública do país deve chegar a 70% do PIB e, "se as coisas continuarem pelo mesmo caminho, será de 80% a 90% em 2018". Nogueira acredita, porém, que pelo menos em 2016, o novo governo vai focar medidas paliativas até que a situação política se estabilize. "Ele (Temer) deve focar no controle de gastos, incluindo corte nos ministérios, aumento de tributos, e uma agenda de concessões e novas privatizações", avalia.

Entre as medidas estruturais apontadas por Nogueira, estão a redução de gastos públicos, a desvinculação do Orçamento da União, que permitiria mais liberdade a Estados e municípios gastar repasses do governo federal com mais liberdade, e a reforma na Previdência.

Para o presidente do Conselho Federal de Economia (Confecon), Júlio Miragaya, porém, medidas impopulares terão ser que adotadas. "O ajuste fiscal tem que ser feito, e não tem mais onde cortar. Ele sabe disso, então, ou aumenta imposto, ou corta programas sociais. Devem acontecer cortes, e, nesse caso, quem vai pagar a conta da crise será a população mais carente", afirma. "É o aprofundamento do neoliberalismo que o Temer defende. Essa política não vai resolver, vai é piorar a crise", afirma o professor de economia da Universidade de Brasília Plínio de Arruda Sampaio Júnior. Para ele, a política econômica de Temer atende o setor privado e pode aprofundar a crise. "Veremos o aprofundamento da recessão e da crise fiscal", declara.

Os economistas, porém, concordam que o resultado não virá no curto prazo. "Se conseguirmos apontar uma melhora que virá nos próximos três ou quatro anos, já estaremos no caminho certo", explica Nogueira.

O professor de economia da PUC-SP Antonio Carlos Alves dos Santos lembra que o ajuste fiscal não é novidade. "O próprio (Joaquim) Levy (ex-ministro da Fazenda do governo Dilma) tentou fazer, e a presidente não conseguiu realizar", avalia Santos. "Não veremos uma política diferente do que já estava sendo implantada", completa Miragaya.

Incertezas e o mundo

O cenário internacional com incertezas pode influenciar negativamente o governo Temer, na avaliação do professor de economia da PUC-SP Antonio Carlos Alves dos Santos. "A economia na Europa ainda não está resolvida, o mercado de trabalho nos Estados Unidos não respondeu como acreditava-se que responderia, e ainda não temos o resultado sobre a permanência dos britânicos na União Europeia (UE). Esses pontos podem influenciar a economia mundial e criar dificuldades", explica o professor.

A política externa do governo do PMDB também é uma preocupação para Santos. "Na parte macroeconômica, ele já divulgou quem pretende chamar. O (Henrique) Meirelles é um ótimo nome para o Ministério da Fazenda. Mas tem pontos ainda em aberto. Entre eles, a política de comércio exterior, como ele vai tratar os acordos comerciais com o Mercosul e com a UE", afirma.

O coordenador dos cursos do Ibmec, Reginaldo Nogueira, diz que a "era das commodities acabou" e que essa solução não virá para resolver a situação econômica do país.

Fonte: O TEMPO - Via: http://www.sescon.org.br

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