NÚMERO DE EMPREGOS FORMAIS DIMINUI 1,1 MILHÃO EM UM ANO
Crise precariza condições de trabalho, faz com que mais pessoas procurem trabalho e gera aumento do índice de pessoas desocupadas
 
O número de empregados formais no País caiu 3,0% no trimestre encerrado em agosto ante o mesmo período de 2014, ou 1,1 milhão a menos de carteiras assinadas, o que indica a precarização das condições de trabalho pela crise econômica. Somente em relação ao trimestre de março a maio deste ano, a queda foi de 425 mil pessoas, ou 1,2%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
 
A quantidade de pessoas desocupadas chegou a 8,8 milhões de trabalhadores, um aumento de 7,9% (mais 647 mil pessoas) em relação ao trimestre de março a maio e de 29,6% (mais 2,0 milhões) ante igual trimestre de 2014. Entretanto, a quantidade de população ocupada se manteve em 92,1 milhões em ambas as comparações, o que indica que houve crescimento da quantidade de pessoas que voltaram a procurar emprego para completar a renda familiar pressionada pela inflação e pelo desemprego, dizem especialistas.
 
Os contingentes de empregadores e de trabalhadores por conta própria cresceram 7,3% e 4,4%, respectivamente, em relação ao trimestre de junho a agosto de 2014. Cenário que ajuda a explicar por que o rendimento médio ficou em R$ 1.882 no trimestre até agosto, recuo de 1,1% ante os R$ 1.904 de março a maio e estatisticamente estável em relação aos R$ 1.864 do período fechado em agosto de 2014.
 
O diretor do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Julio Suzuki Junior, afirma que os números indicam a precarização do mercado de trabalho. "As vagas estão sendo eliminadas e as pessoas passam a ter de trabalhar por conta própria", diz. Com isso, ele lembra que a pessoa fica desprotegida, sem direitos trabalhistas, sem benefícios, sem garantia de renda e com salários mais baixos.
 
Para Cid Cordeiro, especialista em mercado de trabalho, é de se preocupar a ampliação de 2 milhões de pessoas desocupadas em um ano, quando a taxa da população economicamente ativa que procura e não consegue emprego saltou de 6,9% para 8,7%. É o oitavo aumento do índice seguido no trimestre móvel desde o período de outubro a dezembro do ano passado, quando estava em 6,5%, conforme o IBGE. "É um contingente muito alto e mostra a deterioração do mercado, porque temos um crescimento vegetativo da população que não consegue vaga."
 
Cordeiro lembra que a menor renda média também faz com que mais pessoas, como filhos que moram com os pais e só estudavam, voltem a procurar emprego para ajudar no orçamento familiar. "A economia está em recessão e essa taxa deve aumentar porque a recessão tem sido arrastada até 2016, o que tira a perspectiva do empresário em investir", diz. "Com a perspectiva diante do imbróglio político, que gera o problema econômico, é provável que nos aproximemos de uma taxa de desocupação próxima de dois dígitos no início de 2016", completa Suzuki.
 
Indústria
 
Por tipo de atividade, a indústria, que paga os melhores salários, foi responsável pela diminuição de 223 mil pessoas empregadas no trimestre até agosto em relação ao finalizado em maio, ou 1,7%. "E o Natal da indústria acaba em agosto, então a tendência é de mais demissões até o fim do ano", explica Cordeiro, sobre o fato de o setor produzir para as vendas de fim de ano até setembro, no máximo.
 
O diretor do Ipardes lembra que a indústria não sofre apenas com a crise atual, mas que não tem perspectiva no curto prazo. Sobre o Paraná, ele vê a situação um pouco melhor do que no País. "O que não significa que a crise não tenha se instalado por aqui."

Fonte: Folha de Londrina - PR - Via: http://www.sescon.org.br/site/

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