O QUE TITE ENSINOU E QUASE NENHUM LIDER BRASILEIRO APRENDEU

Com uma campanha fenomenal marcada por oito vitórias em oito jogos, técnico da Seleção Brasileira deixa lições valiosas

Com tantos motivos para pessimismo, o brasileiro tem ganhado motivos para voltar a sorrir, pelo menos no futebol. Depois do trágico 7x1 para a Alemanha na Copa de 2014, em casa, andávamos de cabeça baixa. A aura de melhor time do mundo se desfez e a camisa canarinha já não assustava. As "soluções" que vieram depois daquele resultado fatídico só aprofundaram o buraco em que vínhamos nos afundando. Até Neymar, o mais brilhante dos nossos, entrou na fogueira. Mas eis que apareceu Tite.

Com uma campanha fenomenal marcada por oito vitórias em oito jogos, o treinador eliminou qualquer resquício de dúvida sobre sua capacidade de conduzir a Seleção Brasileira de volta a seu lugar no topo do futebol mundial. Não quero aqui entrar numa de desmerecer os antecessores. Mas não há como deixar passar em branco esse processo que Tite vem conduzindo.

Parreira nos levou ao Tetra em 1994. Felipão nos conduziu no penta, em 2002. Zagallo foi o técnico de uma campanha muito boa em 1998, quando fomos vice-campeões na França. Nenhum, entretanto, seria capaz de liderar uma campanha tão brilhante quanto essa da era Tite. E o motivo é simples: o futebol mudou (e continua mudando) e Tite é um dos poucos nomes no Brasil com cacife para esse novo momento. Entre os habilitados, é sem dúvidas o melhor. E digo por quê.

Liderança

Esse é um aspecto básico, uma competência que você encontra em 99% dos técnicos do país, da série D à série A. Todos são líderes. Mas que tipo de liderança cada um exerce? É muito comum ainda o estilo do general, do comandante indiscutível que todos devem ouvir, seguir e pronto. É a liderança autocrática. Felipão e Dunga - com realizações inquestionáveis pelo futebol brasileiro - são desse tipo, que hoje não funciona mais.
Tite é um misto de líder democrático com liberal. É o lider que sabe ouvir e envolver os liderados na tomada de decisões. Ele não impõe sua autoridade, mas os líderes a respeitam mesmo assim.

Técnica

Numa posição importante como a ocupada por Tite hoje, ser um bom líder não significa simplesmente ter o domínio dos liderados em prol do objetivo definido. É preciso competência para definir as táticas e estratégias. Caso contrário, nada funcionará. Tite é um dos treinadores mais bem preparados do mundo. Experiente, conhece os estilos de jogo dos adversários e estuda milimetricamente cada um.

A competência técnica de Tite explica em grande parte, por exemplo, como ele conseguiu gerar resultados tão positivos jogando basicamente com o mesmo time que seus antecessores.

Firmeza

Um líder não pode conduzir com êxito sua equipe se não tiver segurança no posto nem autonomia para tomar decisões. Antes de aceitar o convite para comandar a Seleção, Tite já havia rejeitado o posto. Crítico aberto da cúpula da CBF, nunca deixou de defender suas posições e se negou a dirigir o escrete canarinho sem liberdade para liderar do seu jeito. Agora, ao assumir, reforçou que mantinha todas as suas posições e aceitou o convite por ter consciência de que o futebol brasileiro não pertence aos cartolas e que não deixaria de fazer seu trabalho por causa deles, desde que contratado sob um regime de total liberdade. A CBF, em apuros, sob o risco de ficar fora de uma Copa do Mundo pela primeira vez, não teve alternativa a não ser aceitar.

Vida longa a Tite e seu reinado!

Por Ramón Hernandez

Fonte: http://www.administradores.com.br

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